Antonio Augusto Soares de
Passos nasceu em 27 de novembro de 1826, em Porto, Portugal.
Filho de comerciantes portugueses, teve uma infância
distante do pai, que ausentava-se devido às perseguições
no período da guerra civil. Mesmo assim, o jovem
Soares de Passos alfabetizou-se também em francês
e inglês durante sua adolescência, enquanto
trabalhava no comércio paterno.
Aos 23 anos, em 1849, ingressou na Universidade de Coimbra
com o intuito de cursar direito. Foi neste período
em Coimbra, na companhia do poeta e jornalista Alexandre
Braga, entre outros, que fundou a revista "Novo Trovador",
no ano de 1851. Os primeiros sinais da tuberculose começam
a se manifestar em seu organismo em 1852, aos 26 anos.
Em
1854, conclui o curso e retorna ao Porto. Seu bom relacionamento
no círculo social portuense renderam-lhe uma boa
oportunidade profissional no Tribunal da cidade. No entanto,
pouco tempo depois, com o ânimo bastante debilitado
e a saúde fragilizada devido ao progresso da tuberculose,
abandona o emprego e decide dedicar-se exclusivamente à
literatura. Passa meses recluso em sua casa recebendo, eventualmente,
visitas de antigos amigos. Por outro lado, teve a oportunidade
de colaborar ativamente com as publicações
locais como O Bardo e A Grinalda (até 1869);
também passou a reunir e organizar suas próprias
obras com o objetivo de publicá-las.
Em 1856, pública sua
única obra sob o título de Poesias.
Este trabalho reúne praticamente toda sua produção
literária e revela um autor angustiado, soturno e
extremamente pessimista. Neste mesmo ano, em uma carta redigida
em 5 de agosto, o célebre escritor romântico
Alexandre Herculano, cita que "Na minha opinião,
V. Sª. está destinado a ser o primeiro poeta
lírico português deste século. Há
nos seus poemas lampejos de gênio, que o simples talento
não pode produzir".
Sua breve existência
chegou ao fim na mesma cidade em que nasceu, em 8 de fevereiro
de 1860, aos 34 anos de idade, vitimado pela tuberculose.
Seu único trabalho,
Poesias, tornou-se aos olhos da crítica
daquele tempo, mais um compilado de versos piegas do que
uma obra autêntica que expressava com fidelidade a
forma com que o autor via e sentia o mundo ao seu redor.
Dessa forma, o trabalho ficou renegado a um esquecimento
crítico e cruel, sendo até mesmo, posteriormente
a sua morte, alvo de notas levianas e críticas irônicas.
Sua breve biografia, bem
como sua curta e impactante obra, constituem um exemplo
nítido e legítimo do ultra-romantismo português.
O Noivado no Sepulcro é uma de suas peças
mais significativas e condensa diversos estereótipos
de sua escola literária; sem que, no entanto, perca-se
em clichês comuns a muitos românticos. Como
exemplo, é possível citar um fragmento da
obra: Talvez que rindo dos protestos nossos/Gozes com
outro d'infernal prazer/E o olvido cobrirá meus ossos/Na
fria terra sem vingança ter.
A autenticidade de sua poesia
soa ao leitor como uma confissão, e pode ser avaliada
ao confrontá-la com a própria vida do autor,
repleta de sofrimento, angústias e desencantos com
a condição social burguesa a qual também
constituía; mas também expressando-se intenso
e profundo como um legítimo mártir do mal-do-século.
Por Spectrum
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