Donatien Alphonse François de Sade, mais conhecido como o Marquês de Sade, nasceu em Paris, em 2 de julho de 1740 e notabilizou-se como um dos personagens mais intrigantes e polêmicos da história recente.

Filho de Jean-Baptiste Joseph François de Sade e Marie-de Eléonore Maillé de Carman, típicos integrantes da aristocracia francesa do século XVIII, recebeu sua educação formal no Collège Louis-le-Grand, quando foi matriculado em 1750, aos dez anos de idade. Passou algum tempo de sua infância na companhia de sua avó e de cinco tias.

Aos 14 anos, em 1754, passa a integrar a Escola da Cavalaria Ligeira. No ano seguinte já se torna subtenente do regimento da infantaria real de Luis XV. Em 1757 é promovido à oficial e parte para a Guerra dos Sete Anos. Em 1759 torna-se capitão do regimento da cavalaria de Bourgogne.

No ano de 1763, Sade casa-se com Renée Pélagie de Montreuil. Neste mesmo momento é detido sob a acusação de "extrema libertinagem" e passa duas semanas em uma prisão em Vincennes. Porém, no ano seguinte torna-se tenente geral das províncias de Bourgogne, Bresse, Bugey, Volromey e Gex. Nos anos seguintes, envolve-se com atrizes, prostitutas e com a própria cunhada. Nesta mesma época, é processado pela mendiga Rose Keller que o acusava de maus tratos. Sade é detido duas vezes e passa mais de sete meses enclausurado. Paralelamente, sofre a perda do pai, em 1767; e nasce seu primeiro filho Louis Marie de Sade.

Entre os anos de 1769 e 1771 nascem mais dois filhos: Donatien Claude Armand de Sade e Madeleine Laure de Sade. Em 1772 envolve-se em novo escândalo. Sade e seu criado são processados por quatro prostitutas por sodomia e por obrigá-las a ingerir uma grande quantidade de estimulantes sexuais. Sade e seu criado, de nome Latour, são julgados e condenados à morte. Porém, conseguem fugir para a Itália. Em setembro do mesmo ano, em Aix-en Provence, ambos são executados "simbolicamente" em praça pública. Na Itália, são presos e deportados. Entretanto, pouco tempo depois, são detidos novamente na cidade de Chambéry, França.

No dois anos seguintes, Sade articula uma fuga bem sucedida de Chambéry e esconde-se no castelo de sua família, em La Coste, voltando a promover orgias. Temendo mais uma vez ser preso, foge para a Itália em 1775 e retorna à França apenas no ano seguinte.

Em 1777, Sade sofre a perda de sua mãe; é detido em Paris e preso novamente em Vincennes. Pelos anos seguintes, enquanto enclausurado, tem início sua fase literária mais próspera. É nesse momento que as cartas direcionadas à própria esposa revelam a mente de Sade astuta e faminta por conhecimento, ao solicitar-lhe, através destes escritos, que envie livros e material para escrever. Apenas em 1784 é transferido de Vincennes para a prisão de Bastilha de Saint-Antoine, em Paris. Neste mesmo momento dá início à composição de Les Cent vingt journées de Sodome (Os 120 Dias de Sodoma).

Até 1789, Sade conclui Les Cent vingt journées de Sodome, elabora Eugénie de Franval e Justine, Les infortunes de la ventu; além de alguns contos e a catalogação da própria obra. Em 1789, em plena tomada da Bastilha, é transferido para Charenton, obtendo sua liberdade no ano seguinte por um ato de anistia; quando também divorcia-se de Renée Pélagie e inicia um relacionamento com a atriz Marie-Contance Quesnet.

A obra Justine ou Les malheurs de la vertu é publicada em 1791, enquanto Oxtiern recebe sua primeira montagem. No mesmo período, Sade começa a redigir ensaios políticos manifestando-se contra os revolucionários. Porém, temendo ser visto como antipatriótico e anti-revolucionário, escreve Alocuções aos Espíritos de Marat e La Pelletier. Nos dois anos seguintes, o castelo de La Coste é tomado e a peça Le Suborneur vai aos palcos sem obter muito sucesso. Dá continuidade aos seus ensaios políticos e, mais uma vez, é detido, julgado e condenado por ser considerado anti-revolucionário.

No ano de 1794, torna-se recluso em um hospício de Carmes. Posteriormente, foi condenado à pena de morte; sendo, porém, liberto em seguida. Até os primeiros anos do século seguinte, Sade publica obras como La philosophie dans le boudoir, Crimes de l'amour e La nouvelle Justine. Aline et Valcour foi escrito sob o formato de epístolas trocadas entre os personagens do título; no qual, Aline, lamenta ser obrigada por seu pai a casar-se com um homem velho e libertino. É detido novamente em 1801 e levado para o hospício de Bicêtre.

É transferido para Charenton em 1803 e lá, na companhia de outros internos, organiza espetáculos freqüentados pela aristocracia de Paris. Em 1807 elabora Journées de Florbelle. La Marquise de Gange é publicado seis anos mais tarde.

Durante este período, Marie-Contance o acompanha em Charenton; mesmo assim, Sade envolve-se com a filha de 14 anos de uma funcionária. O relacionamento prolonga-se por três anos e foi registrado detalhadamente pelo escritor. Até que em 2 de dezembro de 1814, Sade vem a falecer em Charenton, aos 74 anos de idade.

Sade foi dramaturgo, escritor e livre pensador do iluminismo francês. Sua obra é caracterizada pelo apelo sexual extremado, opiniões políticas polêmicas e manifestações ateístas e anti-religiosas que chocaram a sociedade francesa do século XVIII. Para uma idéia mais clara, a expressão sadismo, que faz referência à práticas sexuais consideradas "libertinas", é derivada de seu nome de família. No entanto, seu legado não se resume a isso.

Nas últimas décadas, suas obras receberam diversas versões cinematográficas, como por exemplo Justine e Contos Proibidos. Mas, através de uma perspectiva mais ampla. Pode-se compreender que a obra de Sade é um reflexo de sua biografia; como também sua existência polêmica e conturbada foi alicerce de seus trabalhos e pensamentos.

Assim, vida e obra compõem uma das personalidades mais interessantes da história recente e uma fonte riquíssima de estudo literário e comportamental. Além de, obviamente, inspiração de outras tantas mentes ousadas e "sádicas" da arte contemporânea.

 

Por Spectrum

 


 

 

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