Florbela Lobo veio ao mundo em Vila
Viçosa (Portugal), na madrugada de 7 para 8 de dezembro
de 1894. Era filha ilegítima de Antonia da Conceição
Lobo e João Maria Espanca, assim como seu irmão,
Apeles Espanca, nascido em 10 de Março de 1897. João
Maria era casado com Mariana do Carmo Ingleza (madrinha de batismo
de Florbela), mas neste matrimônio não houve filhos.
A
infância de Florbela foi próspera e amparada pelo
pai. Em outubro de 1899, começa a freqüentar o ensino
pré-primário, passando a assinar Flor d'Alma
da Conceição Espanca. O poema A Vida e
a Morte, data de 11 de novembro de 1903. Ao que tudo indica,
essa é sua primeira manifestação literária,
que já anunciava a predileção dos temas que
abordaria com mais profundidade no decorrer de sua vida.
Em junho de 1906, Florbela conclui a instrução
primária, e em 1907 dá sinais de sua doença:
neurastenia. Após a morte de Antonia da Conceição
em 1908, toda a família muda-se para Évora, e João
Maria estabelece-se com Mariana. A partir daí, Florbela
e Apeles são criados pela madrasta, e prosseguem os estudos
no Liceu André Gouveia.
Em 1911, Florbela inicia o namoro com Alberto de
Jesus Silva Murtinho, seu colega de classe desde o primário.
No ano seguinte, conclui o estudo secundário e apaixona-se
por José Marques, desfazendo o namoro com Alberto, que
viria a ser reatado tempos depois. Finalmente emancipada aos 19
anos, casa-se no Registro Civil de Vila Viçosa com Alberto
Murtinho.
Apesar das restrições econômicas,
o casal muda-se para Redondo na Serra D’ossa, em 1914. Florbela
e o marido abrem um colégio. Foi numa festa onde seus primeiros
versos foram lidos em público. No ano seguinte inicia o
projeto Trocando Olhares, que seria concluído
ao longo de um ano e meio, com trinta peças de sua vasta
produção poética.
O soneto Crisântemo é publicado
em 1916 na revista "Modas e Bordados". Florbela torna-se
amiga pessoal da diretora, da qual passa a trocar correspondência.
Alguns meses depois, passa a colaborar no "Notícias
de Évora" e "O Século", desistindo
do projeto Alma de Portugal.
Apesar de seus estudos e suas intenções
estarem voltadas para as letras, Florbela matricula-se na Faculdade
de Direito da Universidade de Lisboa. Financiada por seu pai,
passa a residir nesta cidade em outubro de 1917. Em 1919, Florbela
sofre um aborto involuntário e muda-se para Quelfes.
No dia 30 de abril do mesmo ano, separa-se de Alberto
Murtinho e passa a sofrer a rejeição da sociedade
de sua época. Posteriormente, retorna para Lisboa a fim
de prosseguir o curso. Em junho, lança o Livro de Mágoas
com a dedicatória: "Ao meu pai. Meu melhor amigo",
e "À querida alma irmã da minha. Ao meu
irmão". Em 1920, Florbela abandona a faculdade
e inicia a obra Claustro das Quimeras, passando a viver
em Matosinhos com o republicano Antônio José Marques
Guimarães, casando-se em 1921.
De volta a Lisboa em 1923, publica o Livro
de Sóror Saudade, e muda-se para Gonça, recuperando-se
de um novo aborto. O casamento desgasta-se e Antonio Guimarães
pede o divórcio, oficializado apenas em 1924. Por este
fato a família de Florbela a ignora por dois anos, fato
que a abalou muito.
Em
1925 Florbela muda-se para Esmoriz, e passa a viver na casa do
médico Mario Pereira Lage, casando-se com ele no civil
e na Igreja. Dois anos mais tarde, enquanto traduzia romances
franceses e iniciava o conto O Dominó Preto, é
avisada da morte de seu irmão, em 6 de junho de 1927. Apeles
que tinha se tornado aviador, desesperou-se com a morte de sua
namorada, e lançou-se de avião no rio Tejo. Este
fato abalou profundamente a escritora, e a inspirou a escrever
As Máscaras do Destino.
Enquanto seu casamento se desgasta, sua saúde
torna-se cada dia mais frágil. Florbela tenta suicídio,
e apaixona-se pelo pianista Luis Maria Cabral, a quem dedica Chopin
e Tarde de Música.
Em 1929, sua participação no filme
Dança dos Paroxismos é recusada pelo diretor
Jorge Brum do Canto. Florbela retorna para Évora, onde
em 1930 começa a escrever o Diário do Último
Ano que seria concluído apenas em 2 de dezembro. Passa
a colaborar nas revistas "Portugal Feminino" e "Civilização".
De volta a Matosinhos, tenta suicídio mais uma vez.
Nos meses de outubro e novembro do mesmo ano, a
neurose torna-se insuportável e é diagnosticado
um edema pulmonar. Finalmente, na madrugada de 7 para 8 de dezembro
de 1930, suicida-se ingerindo uma dose excessiva de Venoral. Porém,
a causa oficial de sua morte foi o edema.
Florbela é a poetisa dos exageros emotivos
e confessionais. Frases como "Eu quero amar, amar perdidamente!"
são comuns em suas obras. Autora que manifesta uma expressão
marcante dos próprios sentimentos, e um lirismo intimamente
ligado à sua terra.
Florbela expõe em suas
obras uma aparência parnasiana mais próxima dos escritores
neo-românticos; além da liberdade e o erotismo conjugado
com a própria vida. Autora de imagens fortes e verdades
físicas chocantes com os valores de sua época, Florbela
obteve reconhecimento póstumo. As publicações
de suas obras só ganharam repercussão após
o suicídio. Atualmente, é considerada uma das maiores
poetisas de língua portuguesa em todos os tempos.
Por Spectrum
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