Não é
possível encontrar uma definição
precisa, estética ou visual, sobre a Cultura
Obscura. Isto porque, suas manifestações
não se apegam a bases pré-estabelecidas.
Mas podemos definir alguns tópicos comuns.
Por exemplo, se compreendermos que a Literatura
Romântica resgata elementos medievais, sejam
positivos ou negativos, podemos também associar
as ambientações das obras românticas
(principalmente no Gothic Novel), à estética
contemplada na Cultura Obscura.
Dessa forma, mais
uma vez busca-se uma base no Romantismo e, conseqüentemente,
no período medieval. Mas este conceito não
pode ser considerado um padrão ou a totalidade
do alicerce criativo. Há outros pontos essenciais
e a estética sombria se conjuga com outras
manifestações.
O conceito da beleza lúgubre
e decadente não é compreendido nem
aceito por outros segmentos que exploram a estilística
superficial. Ao observar a palidez lânguida
e soturna de uma figura feminina, com sua ousadia
e ingenuidade intrínsecas, perceberemos outro
fator que compõe a estética obscura.
Há também um forte teor de erotismo,
porém, raramente é o ponto principal
da obra.
Nos cemitérios, uma lápide
abandonada e corroída pela ação
do tempo, ou as esculturas sacras que adornam os
túmulos exalam uma melancolia intensa. A
face e o semblante triste das imagens angelicais
combinam-se com a paisagem decadente, e propiciam
um cenário dotado de uma beleza casta e sã,
absorvida apenas por aqueles de essência obscura
e intimista.
Assim como no Romantismo,
a religiosidade e o misticismo são características
significativas. A dualidade entre bem e mal, entre
paganismo e cristianismo e o conflito do ego humano,
entrelaçam-se com personagens mitológicos
e com o folclore de diversas culturas.
Na estética
obscura, as emoções humanas são
figuradas e personificadas. Anjos e demônios
convivem como nas ilustrações de William
Blake. A melancolia pode estar presente nas obras
do simbolista francês Puvis de Chavannes,
e o terror pode ser encontrado em Nosferatu, nas
películas do expressionismo alemão.
Vê-se ironia e macabrismo no cinema de Tim
Burton. Sombras urbanas emergem na lendária
Gotham City. Castelos e catedrais, gárgulas
e quimeras coexistem na Arte Digital.
Portanto, definições
estéticas da Cultura Obscura podem ser aparentemente
antagônicas. Mas sob os olhos subjetivos do
observador, surgem as semelhanças. A combinação
de certos elementos compõe uma obra, um ambiente
ou uma paisagem impregnada de lirismo obscuro, que
todos podem ver, mas poucos compreenderão.