Ao longo da história,
o termo Gótico foi usado como adjetivo ou
classificação de diversas manifestações
artísticas, estéticas e comportamentais.
Dessa maneira, podemos ter uma noção
da diversidade de significados que esta palavra
traz em si.
Originalmente,
Gótico deriva-se de Godos, povo germânico
considerado bárbaro que diluiu-se aproximadamente
no ano 700 d.C.. Como metáfora, o termo foi
usado pela primeira vez no início da Renascença,
para designar pejorativamente a tendência
arquitetônica, criada pela Igreja Católica,
da baixa Idade Média e, por conseqüência,
toda produção artística deste
período. Assim, a arquitetura foi classificada
como gótica, referindo-se ao seu estilo "bárbaro",
se comparado às tendências românicas
da época.
No
século XVIII, como reação ao
Iluminismo, surge o Romantismo que idealiza uma Idade
Média, que na verdade nunca existiu. Nesse
período o termo Gótico passa a designar
uma parcela da literatura romântica. Como a
Idade Média também é conhecida
como "Idade das Trevas", o termo é
aplicado como sinônimo de medieval, sombrio,
macabro e por vezes, sobrenatural. As expressões
Gothic Novel e Gothic Literature são utilizadas
para designar este sub-gênero romântico,
que trazia enredos sobrenaturais ambientados em cenários
sombrios como castelos em ruínas e cemitérios.
Assim, o termo Gothicism, de origem inglesa, é
associado ao conjunto de obras da literatura gótica.
Posteriormente,
influenciado pela Literatura Gótica, surge
o ultra-romantismo, um subgênero do romantismo
que tem o tédio, a morbidez e a dramaticidade
como algumas características mais significativas.
No
final da década de 70 surge a subcultura gótica
influenciada por várias correntes artísticas,
como o Expressionismo, o Decadentismo, a Cultura de
Cabaré e Beatnick. Seus adeptos foram primeiramente
chamados de Darks, aqui no Brasil, e curtiam bandas
como Joy Division, Bauhaus, The Sisters of Mercy,
entre tantas outras. Atualmente, a subcultura gótica
permanece em atividade e em constante renovação
cultural, que não se baseia apenas na música
e no comportamento, mas em inúmeras outras
expressões artísticas.
Nos
meados da década de 90, viu-se emergir uma
corrente cultural caracterizada por alguns elementos
comportamentais comuns ao romantismo do século
XVIII, como a melancolia e o obscurantismo, por exemplo.
Na ausência de uma classificação
mais precisa, esta corrente foi denominada Cultura
Obscura. Porém, de forma ampla e talvez até
equivocada, o termo Goticismo também é
usado para denominá-la.
Há
algumas semelhanças entre Cultura Obscura e
Subcultura Gótica. Mas há também
diferenças essenciais que as tornam distintas.
Por exemplo, a Cultura Obscura caracteriza-se por
valores individuais e não possui raízes
históricas concretas como a subcultura gótica.
Entre
os apreciadores da Cultura Obscura, é possível
determinar alguns itens comuns, como a valorização
e contemplação das diversas manifestações
artísticas. Além de uma perspectiva
poética e subjetiva sobre a própria
existência; uma visão positiva sobre
solidão, melancolia e tristeza; introspecção,
medievalismo, entre outros.
Sintetizar
em palavras um universo de questões filosóficas,
espirituais e ideológicas que agem na razão
humana, traz definições frágeis
e incompletas de sua essência. Obscuro, Sombrio
ou Gótico podem ser adjetivos de diversos contextos
e conotações. Mas é, principalmente,
o espelho que reflete uma personalidade.
|